tag:blogger.com,1999:blog-7318563687431010462024-03-13T19:38:04.558-07:00Liberdade FantasmaSofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.comBlogger151125tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-71723279194452092192018-09-03T18:30:00.000-07:002018-09-03T19:14:39.295-07:00Ventre Forte<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Todos os caminhos preconcebidos</span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">São dissolvidos </span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Em meus planos</span><br />
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Forjo minha autonomia sobre uma bicicleta</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #1d2129;">Em copos de cerveja</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline;"><br />Sozinha num bar em São Paulo<br />Solitude: estar em minha própria companhia.<br />Quentura.<br />Preencho minha vida de cultura<br />Canto, danço, leio e escrevo<br />Sonho.<br />Troco o olho julgador pelo risonho.<br />Sobre o futuro nascituro<br />Digo que sou cada vez mais dona do meu útero.<br />Se a mídia manda ser um esqueleto<br />Trabalho o intelecto.<br />Leia Simone<br />Se ame<br />Semeie.</span></span>Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-49573373890122439682017-10-20T06:40:00.001-07:002017-10-20T06:40:21.146-07:00Ao querido escritor sem memóriaQuerido escritor,<br />
<br />
Sinto que tenhamos nos conhecido em situação de tamanha fatalidade. Mas veja só como é a vida, certamente o desenrolar da sua daria pano pra manga para mais um dos seus romances, um tão bom, mas talvez mais triste, que a história de jagunços que o senhor comentou comigo hoje.<br />
Eu lhe disse que compartilhamos o amor pela escrita. Veja, desde muito menina sinto a necessidade de registrar minha passagem pelo mundo. Talvez por ter me dado conta cedo demais da existência da morte, do efêmero da vida.<br />
Se puder compartilhar com o senhor um pouco das minhas memórias antigas, já que o senhor anda esquecido dos recentes fatos, lhe conto sobre dois acontecimentos essenciais na formação de quem sou.<br />
O primeiro data de aproximadamente 18 anos atrás, quando eu tinha por volta de 5 anos de idade, me lembro perfeitamente, o dia em que consegui juntar sílabas (tal como vinha aprendendo na escola) e elas formaram de repente uma palavra que eu, por meus próprios meios, fui capaz de compreender. A palavra era "estacionamento". Estava escrita num muro.<br />
Eu me lembro com nitidez da emoção de ter aprendido a ler. Me pareceu que o mundo agora ganhava outras conotações, se tornava tão mais amplo, tão mais mágico. Dei pra ler absolutamente tudo que encontrava pela frente. A partir daí compreendi que me era dada a possibilidade de mais que observar, imaginar e materializar minhas criações.<br />
O mundo, a partir de então, teria de dialogar comigo. Pois sim, eu aceitava de bom grado ingerir, mastigar e digerir todos aqueles sabores, doces e amargos, da realidade, eu permitiria que eles penetrassem minhas veias e - dizia ao mundo com certa altivez - garantia que faria o maior esforço para experienciá-los, tirar-lhes o máximo de proveito. Mas, a partir de agora existiria uma contrapartida. O mundo teria que acolher (ou pelo menos rejeitar) o material de minhas contribuições, e, a despeito de sua vontade, isso o modificaria também, em maior ou menor grau.<br />
Eu tenho certeza que o senhor sabe tanto quanto eu que cada coisa escrita ganha vida própria, que as vezes as palavras mandam na gente, que ás vezes o imperativo de escrever abre com mãozinhas ansiosas o nosso peito e sai nos arrastando até uma caneta ou um teclado, sem que nada possamos fazer a respeito disso. Nos regojizamos de alegria, sorrimos porque o cativeiro das palavras nos liberta.<br />
Ás vezes isso não ocorre, e a gente tem de sussurrar com voz manhosa e sedutora pra que as palavras venham nos resgatar, a gente pede, suplica, entre arranhões e carinhos que elas venham em nosso socorro, porque eu tenho certeza que o senhor sabe tanto quanto eu que não existe melhor remédio pra nenhum de nós dois.<br />
Pois bem, meu amigo escritor, me foi dada por acaso, quase num tropeço, a habilidade de ler e escrever, e ela me fez esta Sofia que o senhor agora pode folhear.<br />
Avancemos.<br />
O segundo grande marco data de cerca de um ano após, com 6 anos de idade portanto, o momento em que perdi minha avó.<br />
Dona Maria foi uma mulher duríssima com todos os seus filhos e netos, mas para mim ela foi dessas avózinhas que faziam biscoito e colocavam no colo, e tinha um cabelo branco enroladinho bom de passar os dedos.<br />
Veja, meu amigo, no exato momento em que segurei sua mão fria, estendida pálida no caixão, me dei conta da existência concreta da morte, e que ela não falharia com nenhum de nós. Entendi que o destino de cada ser que pisou nesta terra já está selado desde o início, e apesar das diferentes nuances, apesar da variabilidade dos percursos, ele finda como findaram eternamente pra mim naquele momento os olhos carinhosos da minha avó.<br />
Depois disso iniciei uma reflexão profunda sobre o que haveria, então, de fazer da minha vida. Nessa época eu era sempre a última criança a ser apanhada na escola. Nesses períodos de solidão meu diálogo interno se enchia de perguntas. "Eu vou morrer, e eu não sei o que há depois da morte, se a vida é finita como posso aproveitá-la melhor?". Era mais ou menos isso que eu pensava, numa linguagem mais infantil.<br />
Desde muito cedo suspeito da inexistência da felicidade como algo pleno e constante. A conclusão que cheguei, logo nesse momento, é que haveria então, para mim, duas coisas a se fazer: viver a vida com o máximo de intensidade, dando tudo de mim para cada coisa que eu amasse, e tentar deixar para trás, no fim, um lugar melhor do que o que eu encontrei no dia em que minha mãe mostrou-me a luz através da força de seus músculos.<br />
Esse segundo objetivo, lhe confesso, anda difícil de alcançar.<br />
Mas creio que se não puder modificar intencionalmente o mundo, ao menos lhe inscrevo cortes mais ou menos aleatórios através das minhas histórias. O senhor também o faz.<br />
E hoje é isso que quero lhe dizer.<br />
Que tal como a minha, a existência do senhor está registrada e continua para além do senhor, em todos os seres (os de carne e osso e os de palavra) que o senhor foi capaz de criar.<br />
Eu faço nesse momento o compromisso de guardá-lo em minha lembrança. Poderei revisitá-lo muitas vezes neste texto e em tudo que venha a escrever daqui em diante e que tenha se alterado por ter lhe conhecido.<br />
Felizes de nós que conseguimos escrever páginas sólidas. Mas ainda que não o tivéssemos feito, cada pessoa que passa pela nossa vida é um livro que conta de um fragmento, de um relance da nossa passagem.<br />
Não sei lhe dizer, querido amigo, o que há depois. Mas vaidosamente acredito que roubamos um pedaço de eternidade. E que bom, agora podemos compartilhá-lo entre nós.<br />
Bom apetite.<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-81288359736927166722017-10-07T13:02:00.001-07:002017-10-07T13:45:55.329-07:00Cravo e canelaSilêncio<br />
No aqui e agora tudo se encontra<br />
Você consegue ouvir o plic plic do tear do tempo?<br />
Ouça<br />
A malha do passado, tão viva em nossas rugas<br />
Se borda dos detalhes do nosso presente<br />
Nunca da maneira que desejávamos<br />
Não sabemos onde findam nossos suspiros<br />
Cronos, olho-a daqui<br />
É uma avó com pézinhos cansados<br />
E cada um de nós é um fio<br />
- Tão mais entrelaçados do que suspeitávamos<br />
Com olhos de anciã, ela nos conduz atenta<br />
Suas mãos enrugadas, um óculos fundo de garrafas pendurado no nariz<br />
Neste momento<br />
Seguro firme a linha da minha vida<br />
E sorrateira, sem que você note, agarro um fiapo da sua<br />
Lhe faço um crochê colorido<br />
Preencho os espaços de contos e histórias<br />
Remendo planos, bordo carinhos<br />
Finalizo com o ponto de arrepio dos seus dedos caminhando sobre a minha pele<br />
Espere!<br />
A avó me olha por cima dos óculos com uma expressão de advertência<br />
Mais devagar<br />
Encosto a mão no peito, tenho palpitações<br />
Sinto medo da imprevisibilidade do que há mais adiante<br />
Agarro os fios com tanta força que eles me cortam<br />
<br />
Então a velhinha solta meus dedos carinhosamente um a um<br />
Eu largo as nossas linhas, deixo que elas flutuem<br />
E sigam sua dança sem tanta preocupação<br />
Confio em nós, confio na senhora que nos conduz<br />
Mas rogo baixinho para que ela seja generosa conosco<br />
Fecho os olhos e sigo a marcação do tempo da canção<br />
<br />
E para que não falte a pequena insubordinação tão própria de minha natureza<br />
Me rebelo pontualmente contra o efêmero da vida<br />
E eternizo a silhueta da lembrança<br />
Registro aqui:<br />
Uma folha de canela, um hálito de cravo<br />
Traços que rapidamente ganham formas de gente nas mais variadas poses<br />
Um cabelo ralo como de criança pequena<br />
Muitos copos de café<br />
Silêncio, meu bem<br />
A experiência do amor nos exige atenção<br />
Um tanto de riso e um ar de gravidade<br />
Aquela câmera que eu queria ter nos olhos para registrar<br />
A exata nuance da luz quando se perde na escuridão da sua pupila<br />
Tenho-a nos dedos<br />
Guardo você em palavra.<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-61533819775559544292017-09-14T09:46:00.002-07:002017-09-14T09:48:51.708-07:00NaufrágiosJá se foram incontáveis badaladas do relógio noturno<br />
De cima da torre no cume do mais alto monte<br />
Diante do mais profundo abismo que há por essas bandas de cá<br />
Desde que se instalou a tempestade em minha alma.<br />
Há dias não para de chover por aqui.<br />
Pequenos raios enchem de estática os fios do meu cabelo<br />
E minha mente brande trovoadas.<br />
A inundação alcança proporções catastróficas<br />
Mundos inteiros soterrados por lama<br />
E tudo flutua em torno de mim<br />
E tudo naufraga em torno de mim<br />
Nas ondas revoltas do meu pensamento.<br />
Não há quem me resgate.<br />
Redemoinhos enchem minha boca de água<br />
E eu morro sufocada um pouco a cada dia<br />
Logo em seguida se desatam os pontos que suturavam a ferida no peito<br />
E jorra a cachoeira de lamentações<br />
E quebram e queimam minhas frágeis resoluções<br />
Tão facilmente dissolvidas<br />
Pela guerra civil que se trava<br />
Por detrás dos meus olhos.Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-2200793352126663382017-08-07T10:42:00.002-07:002017-08-07T10:52:10.633-07:00Monstros marinhos e eldorados<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: inherit; font-size: 14px;">Costumava ter dentro de mim planos tão bem traçados</span><br />
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: inherit; font-size: 14px;">Costumava saber o que vinha depois de cada passo</span><br />
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: inherit; font-size: 14px;">Cada mudança se sucedia de uma completa alteração de roteiro.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: inherit; font-size: 14px;">Hoje caminho sem enxergar o que há além da fronteira</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: inherit;"><span style="background-color: white; font-size: 14px;">Que se anuncia no horizonte mais próximo</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; display: inline; font-size: 14px;"><br />Tal como em tempos idos, meu mundo me parece quadrado<br />Além-mar há um abismo<br />Águas caem infinitamente da beira da existência<br />Ou se perdem em redemoinhos que escorrem<br />Sempre para dentro do meu sentimento voraz.<br />Logo mais meu barco desbravador<br />Alcança o limite entre o universo<br />Com seus astros sempre a flutuar<br />Nas águas negras e calmas da imensidão estelar<br />E as minhas águas revoltas caindo para nunca mais<br />O que vai ser de mim?<br />Tal como os antigos navegadores, me lanço a aventura<br />E me alegro por não saber o que me aguarda<br />Se monstros marinhos ou eldorados<br />Algum país frondoso onde tudo cresce<br />O meu esteio é jamais ter âncora<br />O meu cais é nenhum cais<br />Nesse momento não resta nenhum grande laço com a terra<br />Sou só eu e meu barco<br />E nas páginas de um caderno todos os meus pertences<br />Alguns aprendizados, algumas boas lembranças<br />Algumas pessoas guardadas com carinho<br />Tudo o mais é a imensidão do que não se sabe<br />Essa teimosia de ir e continuar indo<br />Abro o peito e me deixo devorar<br />Pelos meus próprios segredos e os mistérios do mundo.</span></span>Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-50708606347127471732017-06-27T10:32:00.001-07:002017-06-27T10:35:29.334-07:00SilêncioA primeira bofetada veio dolorida<br />
<div>
Deixou a mandíbula rangendo</div>
<div>
A pele latejando</div>
<div>
Gosto de sangue na boca</div>
<div>
Um zumbido no ouvido.<br />
Na segunda fiquei ainda um pouco zonza</div>
<div>
Desconcertada</div>
<div>
Como se algo estivesse fora do lugar</div>
<div>
Fui revisitada por meu fantasma particular</div>
<div>
A forma etérea do que há tempos é só ausência.</div>
<div>
Da terceira vez fiquei de pé.</div>
<div>
A pele parecia de aço</div>
<div>
Busquei no sentimento alguma lágrima</div>
<div>
Mas não encontrei nada que me fizesse lamentar.</div>
<div>
Existe um incômodo, não minto.</div>
<div>
Mas, busquei invocar sua imagem</div>
<div>
Para dizer umas palavras de despedida</div>
<div>
E nenhuma me veio à mente. </div>
<div>
Talvez seja essa a razão de evitar tanto os pontos finais</div>
<div>
Enchemos a lembrança de significados</div>
<div>
Mas a verdade é que depois do fim não há nada</div>
<div>
Só silêncio. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br />
<div>
<br /></div>
</div>
Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-54597288024910991372017-06-27T05:19:00.000-07:002017-06-27T05:27:43.057-07:00Terra secaEscrevo porque tomei minha dose diária de masoquismo<br />
E agora esse gosto amargo parece espremer<br />
Minhas glândulas salivares<br />
Um nó nas amígdalas<br />
Sucede a linha de metal que se prolonga da agulha<br />
Que cutuca meu peito<br />
Só sei escrever assim, quando tudo me parece desconfortável<br />
E não há outra forma de caber no mundo.<br />
Quando todas essas insatisfações se fazem interrogações<br />
Que se cravam debaixo das minhas unhas<br />
E a insuficiência marcada no meu corpo<br />
Tão comum e pálido<br />
Me dá arrepios<br />
- Passo pela rua com o senho franzido<br />
Alguém chama meu nome, tenho que me virar porque mais uma vez passei batido<br />
"Que cara de preocupação!" Estou sempre dentro de mim<br />
Percorro caminhos sem ver por onde ando<br />
Procuro a mim mesma<br />
Em algum lugar entre os fios de metal que compõe meu sentimento<br />
E me perco na teia de minha própria urgência -<br />
Talvez tenha me encontrado mas esteja inconformada com o que vejo<br />
(Nada me amedronta mais<br />
Que o momento em que tenha que parar<br />
Essa correria incessante<br />
Calar minhas lições sempre tão seguras de si<br />
Fazer as contas de tudo o que fui até aqui<br />
E talvez descobrir o débito que tenho com a menina de 6 anos com o rosto apoiado nas mãos).<br />
Tenho vivido um dia depois do outro, e o limite entre eles fica cada vez mais turvo<br />
Da janela do facebook tudo parece bem, as pessoas parecem felizes<br />
A realização parece um fruto de fácil plantio<br />
Que em toda terra cresce e que a natureza dá de bom grado a quem o saiba colher<br />
Enquanto a árvore de minha vida seca e se encurva<br />
Como, aliás, todas as outras árvores de minha casa.<br />
Para não dizer que seja tudo infertilidade<br />
Confesso a existência de uma única fruta<br />
Escondida debaixo da terra, debaixo da minha pele<br />
O pulsar único, a linha-guia da minha alma, a essência viva do meu sangue<br />
Uma fruta vistosa e brilhante, de uma polpa ácida que corrói os dentes<br />
Ou então, apodrecida na casca, mas contendo o néctar mais doce do mundo em seu interior<br />
A depender de quem a come<br />
Minha poesia.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-64656662086268815772017-06-06T09:42:00.004-07:002018-07-03T07:44:54.309-07:00Alvo Revolucionário<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #444444; font-family: inherit;">Atravesso a rua de peito aberto</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #444444; font-family: inherit;">Morro de medo e ao mesmo tempo</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #444444; font-family: inherit;">Quero me lançar a todo corte</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Esse ano o que mais ouvi é que sou uma mulher forte</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">De fato, nunca abri mão da minha voz</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">(Custasse o que custasse - e custou sempre muito caro)</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Só recentemente entendi a violência que segue em meu encalço</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">A violência que desperto</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Por não ocupar o lugar certo</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Por jamais ter usado salto</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">(Que mulher teria pernas para assim se manter de pé num palanque?)</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Salto pra mim é um pulo alto</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Aquele que me desafio a dar a cada instante</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Para atingir o alvo, alvo revolucionário.</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Alto, revolucionária!</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Está traçado o meu calvário.</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Reneguei todas as coisas que me eram destinadas</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Não quis ser submissa ou educada</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">“Ela é uma pessoa difícil”.</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Convenhamos, há que se ter na mão uma enxada</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Para enfrentar todo terreno que se desbrava</span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #444444; display: inline; font-family: inherit;">Modifico o chão que piso.</span></span>Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-54029277220638060442016-12-11T16:02:00.001-08:002016-12-11T16:12:45.359-08:00Acasonuma madrugada embriagada<br />
inesperada<br />
de música, de rua<br />
de passos cambaleantes pela calçada<br />
de olhos brilhantes que não me disseram nada<br />
na cadência das músicas da minha infância<br />
em novas vozes e novo dedilhado<br />
um encontro com os planos do passado<br />
nada foi como eu esperava.<br />
por outro lado<br />
quanta poesia eu encontrei<br />
nas esquinas dessa caminhada<br />
de me descobrir inteira<br />
me construir inteira<br />
ser minha própria morada<br />
minha companhia<br />
minha guia<br />
minha estrada.<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-60786196124270781942016-10-12T12:33:00.002-07:002016-10-12T13:12:00.010-07:00Para administrar a solidãoNão contabilize amizades<br />
Não crie expectativas<br />
Procure não coçar o que está em carne viva.<br />
Não releia velhas cartas<br />
Evite quartos escuros<br />
Procure trancar as memórias em lugares seguros.<br />
Não vá olhar fotos antigas<br />
Não se pergunte sobre o sentido da vida<br />
Exclua qualquer música que não possa ser ouvida.<br />
O olhar deve estar sempre voltado para frente<br />
Boas doses de séries, filmes e qualquer outro entorpecente<br />
Da mente.<br />
Procure continuar cumprindo suas obrigações<br />
Procure não tomar grandes decisões<br />
Nos dias ruins.<br />
<br />
A raiva pode ser eventualmente necessária<br />
Para driblar os efeitos da saudade<br />
Mas cuidado<br />
Ela demanda o controle<br />
Da própria agressividade.<br />
<br />
Construa com as velhas mágoas o seu escudo<br />
- preferível um coração mais prevenido<br />
E se for possível<br />
Não deixe a amargura tomar conta de tudo.<br />
<br />
Se não houver nenhuma palavra que não seja cortante<br />
Respire fundo por um instante<br />
O silêncio é sempre o último refúgio<br />
E quando não restar outro subterfúgio<br />
Melhor manter-se muda.<br />
<br />
A poesia ajuda<br />
Contra as crises de dor aguda. <br />
<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-24165625612104722712016-08-29T15:06:00.006-07:002016-08-29T16:54:26.835-07:00Pedras, noites e poemasPulsam as palavras em português no meu sangue<br />
<div>
Correm nas minhas artérias as histórias dos velhos caminhoneiros</div>
<div>
Seus valiosos ensinamentos e sua ousadia de se fazerem poetas</div>
<div>
Contra todas as probabilidades.</div>
<div>
Na frustração e na perspicácia do meu pai</div>
<div>
Abobalhado diante da televisão</div>
<div>
"É golpe! É golpe!"</div>
<div>
Vejo um avô que sem nenhum cultura</div>
<div>
Achou que era uma boa ideia encher o filho de enciclopédias</div>
<div>
E ele se tornou militante quando ainda era secundarista</div>
<div>
Primeiro a se formar na família.<br />
Nos primeiros anos da minha vida, meu pai me contava histórias de beija-flores<br />
Que carregando água no biquinho contra a imensidão de um incêndio na floresta</div>
<div>
Explicavam, sem vacilar: "eu estou fazendo a minha parte!"</div>
<div>
Hoje desacredita, amargurado, dos beija-flores de nosso povo.</div>
<div>
Diz cheio de angústia que a esquerda vai demorar mais 100 anos para voltar a governar</div>
<div>
E que ele vai morrer sem ver o país com que sonhou.</div>
<div>
Eu ás vezes também não sei se o beija-flor vai ver renascida a floresta</div>
<div>
Mas eu sei, com a certeza do amor que me habita</div>
<div>
Que ela ressurgirá</div>
<div>
Porque a vida é sempre capaz de romper as cinzas da infertilidade.</div>
<div>
Porque restam sempre dentro do chão as sementes.</div>
<div>
Porque um caminhoneiro ensinou ao seu filho a poesia que não aprendeu em nenhuma escola</div>
<div>
E esse filho me ensinou que era preciso lutar sempre contra o império da morte</div>
<div>
Eu sei que da criatividade encantadora do meu povo</div>
<div>
Nascerá o mundo que já meu velho anunciava</div>
<div>
Quando ainda não tinha cabelos brancos</div>
<div>
Nos seus mais belos sonhos. </div>
<div>
<br /></div>
Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-85280714653554606482016-08-10T21:46:00.001-07:002016-08-10T21:46:34.331-07:00ÁguaJá percebeu como a água invade tudo?<br />
Agora, por exemplo, tsunami invadindo minhas pálpebras<br />
E elas ficam túrgidas.<br />
Sempre que choro madrugadas imagino<br />
Água preenchendo o espaço entre as células dos meus olhos<br />
Somos feitos de partes tão pequeninas<br />
E tudo neste mundo é tão mais água que terra<br />
Queria eu que ela pudesse lavar e levar embora<br />
Todas essas dores.Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-16339429691089712182016-07-14T20:20:00.001-07:002016-09-24T14:46:54.996-07:00Às paredes do DADU<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px;">
<span style="line-height: 19.32px;">Homens e mulheres sem história são incapazes de entender de onde vieram. São pessoas sem forma, sem senso crítico, que reproduzem como gravadores o que lhes ensina a mídia, que vivem para o que lhes ordena a Indústria.</span><span style="line-height: 19.32px;"> </span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Como tornar a vida mais lucrativa? Trabalhe 80 horas semanais! O Homem sem história trabalha sem questionar.<br />
O sentido máximo de Alienação é esse: o trabalhador que não reconhece o produto de seu trabalho.<br />
O produto de seu trabalho, no entanto, é o próprio Mundo. Quem fez o Mundo com a força dos próprios braços não sabe que ele é seu, não usufrui dele e aceita que lhe roubem o valor do que produziu.<br />
É a mulher deprimida que chega ao nosso consultório, exausta e vazia, porque lhe ensinaram que nasceu para ser mãe, que o trabalho serve para sustentar os filhos, e agora que eles saíram de casa, ela não tem mais razão de existir. Essa Mulher não entende a história que a forjou. Não compreende porque isto lhe é imposto. Não entende o seu lugar no mundo.<br />
Conhecer a própria origem é a única maneira de caminhar para frente, de não repetir os erros que foram cometidos no passado. Quem não sabe de onde vem, não entende quem é, não entende o mundo em que vive, anda a esmo.<br />
Porque nos apagaram a memória, alguns defendem o retorno à Ditadura Militar. Não sabem que centenas de pessoas foram assassinadas, torturadas, sem ter direito a um único julgamento? Não sabem que a seres humanos foram infligidas dores inimagináveis, seres humanos cujo grande crime foi lutar pela democracia? Não sabem. Eles não têm memória.<br />
E é por isso que me dói tanto a tentativa de apagar a história do DADU.<br />
Ouvi dizer que pintarão de branco as paredes do D.A.<br />
Pra quem nunca entrou ali, preciso explicar: as paredes do DADU são repletas de frases, frases que estudantes diversos escreveram à medida que foram passando pelo Diretório.<br />
Aquelas frases já existiam quando, 4 anos atrás, eu passei pela primeira vez por aquela porta e conheci o único lugar que cuidaria um pouquinho de mim, que seria um pouco de refúgio, um pouco de carinho e muito aprendizado, neste caminho árido que escolhi trilhar.<br />
Não era incomum que um professor, um estudante de residência, um médico já formado adentrasse a salinha e ao olhar para as paredes apontasse: “aquela ali fui eu que escrevi!”. Nos contava, então, alguma história inusitada de um tempo que já passou, que existe hoje somente num traço de tinta desbotado na parede.<br />
Todos aqueles fragmentos têm uma origem. São pedaços de pessoas que foram se tornando lembrança. São centenas de mãos dando a sua contribuição a um Diretório que foi verdadeiramente uma construção coletiva. Aquelas paredes são a consciência e a memória do DADU.<br />
Aquela lugar é vivo, fala comigo através de centenas de mãos, me conta a sua história.<br />
Estão tentando emudecê-lo para sempre.<br />
Mas eu não esqueço.<br />
Se a tentativa é de nos apagar, apagar a história do DADU, se a tentativa é de exterminar o pensamento discordante, escrevo hoje para dizer que estou aqui. E que, como eu, muitos outros ainda guardam dentro de si alguma cor que o DADU lhes imprimiu.<br />
Não vamos deixar de existir. Somos a história viva do DADU. Trazemos o DADU na pele e na alma, nas nossas histórias, em quem somos e nos tornamos, nos médicos e médicas que somos e seremos.<br />
Sei que posso falar por todos eles quando digo: reivindicamos, hoje e sempre, o direito à Memória. Não somos homens e mulheres sem história.</div>
Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-71776872987198792262016-06-26T17:33:00.001-07:002016-06-26T17:33:19.150-07:00Meu coração é Sem Terra<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px;">
Meu coração é Sem Terra<br />Porque a verdade é que meu povo sempre viveu na guerra<br />E esses heróis teimosos<br />Heróis anônimos<br />Munidos da maior coragem do mundo<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;"><br />Se Levantaram contra o império cruel do latifúndio<br />E decidiram não se acostumar jamais com a escravidão.<br />Teimosia de plantar, colher, dividir o chão.</span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px;">
Se a semente de um novo mundo descansa<br />Na palma da nossa mão<br />Se estamos nos propondo a dividir da casa ao pão<br />Pela realidade que se constrói de grão em grão<br />Se essa é uma escolha que se leva pro caixão<br />O meu coração<br />Meu coração é Sem Terra</div>
</div>
Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-37484099182296119742016-06-11T11:24:00.000-07:002016-12-13T19:23:02.028-08:00Nada-serRemédio amargo<br />
Vou entendendo que sou sozinha.<br />
Em alguns momentos aproveito o conforto<br />
De ser o único ser pensante dentro de mim.<br />
Nesse casulo quente que é o meu corpo<br />
Minha mente vaga universos.<br />
Invólucro<br />
Limita as minhas possibilidades metafísicas<br />
Enquanto enche de cores e sinestesias<br />
O território quadrado da razão de Descartes.<br />
Às vezes gosto da perspectiva de que meus olhos<br />
Sejam a única lente gravando<br />
A beleza que eu vi no mundo<br />
E que minha consciência seja a única telespectadora<br />
Das emoções inebriantes<br />
Que encharcam meus nervos.<br />
Ás vezes o que vejo me deslumbra de tal maneira<br />
Que prefiro não empobrecer o sentimento com palavras.<br />
Ás vezes gosto da incompreensão do que é ser outro<br />
E da incompreensão dos outros acerca do que eu sou.<br />
E vou me descolando das outras vidas<br />
Aprendendo a deixá-las partir.<br />
Em outros momentos sinto uma ausência espinhenta<br />
Alguma coisa que está ali, mas que é só falta<br />
Como seria possível dimensionar o que não existe?<br />
Ás vezes parece que a falta é a maior parte do que sou<br />
Como se eu estivesse repleta de espaços vazios<br />
E porque o nada é infinito<br />
Não posso caber em lugar algum.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-2927785043019653682016-05-31T16:01:00.001-07:002016-05-31T16:13:31.305-07:00Para GiovanaPorque eu te encontrei no meu caminho<br />
Não posso negar que haja algum tipo de mágica nesse universo<br />
Pois eu te encontrei tão desavisada<br />
Como quem, sem nada esperar<br />
Acaba tropeçando na própria sorte.<br />
Você apareceu na minha vida assim<br />
Meio caída subitamente no meio do palco<br />
Quando eu dei por mim<br />
Giovana já inundava cada pedacinho de tudo que eu faço<br />
Com seus lencinhos coloridos<br />
Com seu dentinho que falta<br />
Meio feito fada, num dia perdido<br />
Um dia florido como as flores que você tinha no cabelo<br />
Como as flores doídas daquela música que a gente gosta<br />
E eu te vi florescer<br />
De meninas que éramos<br />
De brigadeiros ingênuos<br />
Fomos encontrando nossa força, nossa liberdade, nossa luta<br />
E você foi se tornando esse fenômeno da natureza.<br />
<br />
- Seus cabelos foram crescendo e se rebelando<br />
Na exata medida da sua rebeldia-<br />
<br />
Você mora nas minhas fotos<br />
Nas minhas manhãs<br />
Na maior parte das minhas risadas.<br />
Minha irmã de alma,<br />
Se não existe eternidade<br />
Te prometo minha lealdade<br />
Nesse breve sopro que dura uma vida.<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-56976861897005456262016-05-19T19:30:00.002-07:002016-05-19T19:38:27.135-07:00Da filha do seu melhor amigo. Para o velho contador de histórias.Ao velho de barbas brancas que me conquistou com suas histórias<br />
Eu desejo que essa ferida incurável sare logo<br />
Queria ser hoje a médica que você acreditou que eu seria<br />
Médica do impossível<br />
Queria poder remendar seu coração<br />
Queríamos todos, pai, mãe e irmã<br />
Te colocar no colo e poder te ninar<br />
<br />
Ao velho de barbas brancas com um sorriso sempre doce<br />
Uns óculos pendurados no nariz, um barrigão<br />
E tantas invenções de mudar o mundo<br />
Eu desejo nos meus sonhos de menina<br />
Que em breve você possa se contar outras histórias<br />
Possa ser professor paciente de si mesmo<br />
Possa encontrar mais uma das suas soluções inusitadas<br />
E então, recuperar, com uma risada, o sentido de tudo isso<br />
Que agora me escapa.<br />
<br />
Velho, eu não sei porque é que a vida te fez essa injustiça<br />
Hoje sou toda lágrimas, somos.<br />
A morte é um rolo compressor inexorável<br />
E cada vez que ela cruza o meu caminho<br />
Tudo se desmancha um pouco.<br />
<br />
Não tenho remédio algum pra te oferecer.<br />
Por isso te ofereço o meu amor.<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-77033004582123196602016-04-16T05:49:00.002-07:002016-11-09T22:39:42.346-08:00Pra você nunca me deixarQuando você parte de dentro dos meus braços<br />
Meu coração se parte um pouco<br />
E é como se um pedaço meu estivesse morrendo<br />
As flores que coloriam e perfumavam minha alma<br />
Murcham de repente, ficam ranzinzas<br />
Cada parede desse quarto chora<br />
E as páginas dos meus cadernos se enchem de lágrimas<br />
Quando você me deixa assim<br />
Tudo no mundo parece estar me dando adeus<br />
As pessoas no ônibus me olham com olhar de pena e despedida<br />
As panelas sem sopa de abóbora protestam, indignadas<br />
- Elas mandaram te perguntar se você não sente remorso<br />
por nos abandonar assim tão vazias -<br />
Em todo lugar falta alguma coisa<br />
É uma sensação como quando a gente sai de casa e acha que esqueceu algo para trás<br />
Mesmo quando me sinto feliz<br />
Me pergunto o que é que está sempre segurando um pouco o meu sorriso.<br />
As pessoas do mercado sentem a nossa falta<br />
Disseram que ninguém mais anda assim pendurada no carrinho<br />
Ninguém come frutas roubadas à olhos vistos<br />
Enquanto passeia alegre entre as estantes.<br />
Eu me vejo obrigada a vestir aquela minha roupa<br />
Que eu costurei pros momentos difíceis<br />
Assumo minha pose mais altiva<br />
Que, cá entre nós, carrega tanta dureza...<br />
A dureza de quem tem o amor pendurado num retrato<br />
Dentro de uma moldura antiga.<br />
Preciso que você volte pra poder abandonar esse casulo<br />
Pra poder abrir de novo as minhas asas<br />
E devolver ao mundo todas as suas delicadezas.<br />
Quando você chegar<br />
Prometo que eu te mimo como você quiser<br />
Que te faço dormir<br />
Que te faço café<br />
Que te faço assinar uma cláusula de nunca mais me abandonar.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-56021980088697681782016-03-15T17:55:00.003-07:002016-03-19T10:36:19.237-07:00Disfarcevivo de dizer o que não deveria ser dito<br />
o mundo, constrangido-indignado<br />
me manda engolir de volta as palavras<br />
olhos assustados, arregalados, se desviam<br />
pés atravessam a rua, não passam mais na porta<br />
sou uma ameaça<br />
esse sentimento rasgado<br />
ALERTA! PERIGO!<br />
é preciso fugir da verdade assim cuspida<br />
lhe calar com a indiferença<br />
disfarce<br />
mais uma vez, escolho ser em palavra meu eu mais cru e dilacerado<br />
porque eu não deveria dizer<br />
verbalizar tudo o que sou e não deveria ser<br />
mas eu cruzei a linha do blasé e me tornei. eu.<br />
disse<br />
digo.Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-48840706029487964382016-02-15T08:57:00.002-08:002016-02-20T15:24:04.999-08:00HemorragiaEu tenho uma dor dentro do peito que passou a morar comigo<br />
Não sei se é solidão, falta de um amigo<br />
Não sei se foram más escolhas, alguma espécie de castigo<br />
Não sei se estou fugindo da raia, renegando o meu destino<br />
Ou se nunca houve nenhum plano e eu me acomodei nesse caminho<br />
Não sei se nas linhas da minha mão há algum tanto de carinho<br />
Não sei se eu não soube achar a rosa ou se a vida é só espinho<br />
Não sei se sou mais corajosa ou se saí de vez do trilho<br />
Não sei se mergulho de uma vez na vida ou se puxo o gatilho<br />
Não sei se a revolução nunca foi possível ou se eu é que já não acredito<br />
Não sei se já houve alguma salvação ou se não passou tudo de um mito<br />
Já não sei dizer bem o que ainda alimenta o meu espírito<br />
Eu continuo respirando mas já não sei pelo que sigo<br />
Talvez eu esteja olhando demais pra mim, pro meu próprio umbigo<br />
Ás vezes eu só queria me encolher toda em algum tipo de abrigo<br />
Eu sinto tanta saudade do meu melhor amigo.<br />
<br />
Sei que tenho um grande amor frustrado<br />
Esse abandono imenso marcado<br />
em brasa na minha pele.<br />
Tenho toda essa gente que de repente se vai<br />
Tenho a ausência da minha mãe e a expectativa esmagadora do meu pai<br />
Essa dificuldade de me amar, de me bastar, esse medo de ser esquecida<br />
Tenho todos esses não's, todo esse vazio, pouca grana, muitas dívidas<br />
Essa teimosia, essa completa falta de norte<br />
Uma tonelada de dúvidas<br />
Preciso de distrações, preciso conhecer pessoas, preciso mudar de cidade<br />
Tenho rinite, verrugas, preguiça, a coluna torta<br />
Eu tenho uma namorada morta<br />
E esse oceano de saudade.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-44673975211178624872016-02-08T08:52:00.005-08:002016-02-08T09:24:06.151-08:00Baile de máscarasMe sinto desajustada<br />
Enquanto caminho por entre as vitrines de sorrisos decorativos.<br />
Num jogo caleidoscópico<br />
Em que pessoas inteiras se perdem<br />
Nos reflexos partidos de sua própria imagem virtual<br />
E como feitiço tornam-se máscaras<br />
Ninguém me enxerga.<br />
De que me valem estas presenças surdas a tudo que digo?<br />
Presenças que também não me contam histórias<br />
Estão ali mas não estão de fato<br />
Porque não me tocam e não me permitem tocá-las<br />
São impermeáveis e ocas.<br />
<br />
Pois prefiro a solidão sozinha<br />
Que viver a solidão no meio de rostos que mais me parecem<br />
Invólucros plastificados<br />
Manequins<br />
Companhia de plástico e verniz<br />
Condicionada a rir mecanicamente nos momentos felizes<br />
E virar o rosto diante de qualquer tristeza.<br />
Se constrangem em rubor de blushes artificiais<br />
Quando sangro publicamente<br />
Quando quebro as leis e choro...<br />
<br />
Está proibido ser triste neste carnaval.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-41799685591936517052016-02-06T09:22:00.001-08:002016-02-06T09:34:16.445-08:00A velha e o nadahttps://www.youtube.com/watch?v=DUqejMZZxP0<br />
<br />
Ando pensando que a vida é uma sucessão de nadas.<br />
Se esses nadas se tornam algo, é porque atribuímos significados.<br />
Quando, no entanto, a tristeza rouba a energia que nos permite criar sentidos, e a crueza da vida arranca abruptamente toda a proteção meticulosamente bordada sobre as pontas afiadas da realidade, sobra a secura sem fim desse mundo áspero. Tudo fica vazio.<br />
Viver, nesses dias, tem sido um esperar eterno, não sei pelo quê. Um esperar eterno pelo que sei que não volta.<br />
Sento e espero por um futuro que, com sorte, será tão bom quanto algum momento no passado.<br />
Rezo para que logo seja novamente capaz de me enganar. Talvez algum novo amor me devolva os óculos coloridos de distorção do que vejo. Talvez alguma crença numa mudança que hoje sei impossível.<br />
A humanidade falhou e eu falhei com ela. Sou um fracasso, somos. Esse sentimento de que tudo deu errado... esse tanto que sonhamos, a vida que pensamos, aquela casa, aqueles filhos, aquele mundo que era melhor, que era um lugar pelo qual valia a pena lutar, dar a vida por, tudo isso deu em lugar nenhum.<br />
Se eu fosse como as outras pessoas, deveria só aceitar que acabou e recomeçar. Mas eu dou demais de mim e quando prometi o eterno, sem querer me peguei falando a verdade.<br />
Se o eterno acabou sendo um ponto final logo ali, dois passos à frente, eu fiquei então com um eterno nada depois dessa vida que morreu.<br />
No passado, eu limitei a felicidade futura, eu dei a felicidade futura praquela promessa de depois. Não houve depois e agora tudo está perdido.<br />
Tudo está perdido.<br />
Eu estou perdida.<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-10600784502735296432016-02-06T09:21:00.000-08:002016-02-06T09:21:02.372-08:00ContinentalidadeNa maior parte do tempo procuro olhar para a sua personalidade terra-firme<br />
sua continentalidade<br />
como algum tipo de cais, calmaria<br />
para minha alma tempestuosa<br />
para o meu coração em brasa<br />
como um emplastro pras queimaduras que me causo<br />
com a minha vitalidade quase destrutiva<br />
com essa vontade de viver que é tão grande<br />
que beira a neblina das alucinações<br />
que beira o salto sobre o precipício<br />
Na maior parte do tempo procuro olhar pra sua sensatez<br />
pra sua sobriedade<br />
como algum tipo de lastro<br />
que me ajuda a manter a firmeza<br />
quando tudo chove em mim<br />
quando sou somente tempestade<br />
e trovejo.<br />
Algo que me segura, que impede que eu me lance inteira<br />
que eu me afunde instantaneamente<br />
e me aprofunde demasiadamente neste sentimento<br />
um constante lembrete de que não devo me envolver tão rápido<br />
de que o meu pavio não deve queimar tão de repente<br />
de que preciso me preservar<br />
de que preciso me manter sólida, independente de<br />
tudo.<br />
Tenho encarado assim, como um aprendizado<br />
como um desafio e uma forma de estar de frente com o que é mais difícil<br />
com o silêncio que jamais fez parte de mim<br />
e jamais pude compreender.<br />
Porque eu sou palavra, poesia, vida em movimento<br />
eu sou dor, alegria e amor transbordando por todos os poros<br />
eu sou a vontade que brota do útero<br />
em flor e desejo.<br />
Eu sou o batom escuro demais, o tênis sujo inusitado<br />
os anéis enferrujados, o cabelo que de supetão se torna mais curto.<br />
A sua solidez<br />
eu gostaria que me fizesse menos fluida e mais concreta<br />
para que eu sangrasse menos<br />
para que eu pudesse erguer meus escudos<br />
e pudesse descobrir alguma forma de viver o amor com tranquilidade<br />
sem tanta urgência<br />
sem precisar me consumir tanto, tudo, sempre tudo.<br />
Na maior parte do tempo, procuro mergulhar na sua tranquilidade<br />
na sua risada leve<br />
no seu olhar que oferece um sorriso de ternura<br />
e que, numa análise mais cautelosa<br />
percebo que oferece também uma ruga de preocupação<br />
(porque no seu mundo há sempre a vírgula da crueza da realidade<br />
a vírgula que te coloca em contato com a terra).<br />
Na maior parte do tempo, procuro aprender a me sustentar<br />
observando as bases firmes da sua engenharia<br />
sua lealdade, sua coragem<br />
sua certeza de um caminho que nunca se desvia<br />
sua persistência nos seus próprios rumos<br />
os que você traçou no seu chão.<br />
Há, no entanto<br />
dias em que eu só queria que você pudesse aprender um pouco comigo também<br />
a ser mais água, mais ar<br />
a jogar tudo pro alto e inventar a liberdade<br />
a usar a criatividade pra ir tão além dos padrões da vida rotineira<br />
pra expandir os próprios horizontes<br />
e encontrar o sabor da intensidade<br />
ao enganar o dever<br />
e cavar no tempo apertado<br />
o tempo de viver.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-79594247393397814152015-12-12T17:51:00.002-08:002015-12-14T13:17:53.984-08:00GeminianaPerdoem vocês se não posso ser diferente do que sou<br />
eu tentei, juro que tentei, ser menos vermelho escândalo<br />
travei guerra civil com meu corpo, no meu sangue<br />
e perdi.<br />
Assim sou melhor, quando não podo minhas flores indecentes<br />
de perfumes vencidos, cheias de cores, insetos e carinhos<br />
quando permito que existam em tranquila contradição<br />
as nuvens negras de minha alma tempestuosa<br />
o meu coração em brasa<br />
as cicatrizes na minha pele<br />
das queimaduras que me causo<br />
com a minha vitalidade quase destrutiva<br />
com essa vontade de viver que é tão grande<br />
que beira, que beiro a neblina das alucinações<br />
que beira, que beiro o salto sobre o precipício.<br />
Há momentos em que tudo chove em mim<br />
quando sou somente tempestade<br />
e trovejo.<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-731856368743101046.post-33696702360424100092015-10-31T08:13:00.000-07:002015-10-31T08:16:13.113-07:00O terceiro olhome parece que seja algum tipo de clarividência<br />
se é aura ou essência<br />
sinto coisas que não sei explicar<br />
posso amar pessoas estranhas<br />
de outras não querer mais que distância<br />
pressinto o fim dos ciclos<br />
o fim das coisas<br />
me relaciono com o mágico do que paira<br />
aceito seus carinhos, suas advertências<br />
suas lições doloridas<br />
empresto meus olhos pra achar tudo bonito<br />
e então sinto que algo me acompanha<br />
se emociona por detrás dos meus olhos<br />
numa lágrima, em cilhos que se encostam<br />
faço minha oração<br />
toco o infinito<br />
acredito<br />
na minha intuição.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Sofia Alveshttp://www.blogger.com/profile/02472331711837624744noreply@blogger.com0