sábado, 7 de julho de 2012

À minissaia

Ele disse que ligaria... E ela esperou.
Lá pelas tantas, cansada de andar de um lado para o outro, resolveu convidar o senhor Johnnie Walker para a festinha solitária.
José Cuervo já estava no fim...
"Johnnie, meu caro, tú y yo!"
Horas depois, nem o whiskey conseguiu enganar a ausência. "Mas que diabos, por que é que ele não liga?"
O pé impaciente a batucar o chão do apartamento já se tornara um samba desagradável aos ouvidos dos vizinhos de baixo.
Começou com a fossa. Trocando em miúdos pode guardar as sobras de tudo que chamam lar, a sombra de tudo que fomos nós, as marcas de amor nos nossos lençóis.
E passou para a ira. Quando chegar o momento esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro.
No fim do cd, é se recompor ou se recompor. Olhos nos olhos quero ver o que você faz, ao sentir que sem você eu passo bem demais.
"Pois, ora, o senhor há de ver quem é que ri por último."
Tirou o salto do armário, o batom vermelho já estava a postos e -ah!- a minissaia. Pronta, devidamente munida de suas armas mais letais: rua!
Galgar o mundo com pernas vacilantes e nuas, assim vingamos todos os ex-namorados, ex-maridos, ex-amantes, ex-amores.
Minissaia nossa de cada dia, a ti agradecemos o poder que nos confere. Amiga leal, companheira fiel que jamais nos abandona, ainda que a abandonemos, certas vezes, temporariamente, em algum quarto, algum banheiro, algum tapete...