quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Naufrágios

Já se foram incontáveis badaladas do relógio noturno
De cima da torre no cume do mais alto monte
Diante do mais profundo abismo que há por essas bandas de cá
Desde que se instalou a tempestade em minha alma.
Há dias não para de chover por aqui.
Pequenos raios enchem de estática os fios do meu cabelo
E minha mente brande trovoadas.
A inundação alcança proporções catastróficas
Mundos inteiros soterrados por lama
E tudo flutua em torno de mim
E tudo naufraga em torno de mim
Nas ondas revoltas do meu pensamento.
Não há quem me resgate.
Redemoinhos enchem minha boca de água
E eu morro sufocada um pouco a cada dia
Logo em seguida se desatam os pontos que suturavam a ferida no peito
E jorra a cachoeira de lamentações
E quebram e queimam minhas frágeis resoluções
Tão facilmente dissolvidas
Pela guerra civil que se trava
Por detrás dos meus olhos.