sábado, 23 de agosto de 2014

Consulta Popular

Fiz uma revolução em mim
Mudei a perspectiva do olhar
Mudei de opinião

Insisti em caminhar
E encontrei a direção

Eu vi brotar em mim
Como flor, desabrochar
Sentido pros meus passos
Eu vi a força florescer nos braços
Eu senti o mundo
E me enchi da razão

E a Luta ganhou em mim
Cresceu em mim
Irradiou em mim
Como um sorriso

E de repente eu fui mais que uma só
Eu fui Pagu, eu fui Macabéa
Eu fui Sandino, eu fui Zapata
Eu fui Marighella

E foi então que o buraco da minha alma
Se preencheu
E o que estava obscurecido
Se iluminou
Essa luz me aqueceu e me tomou
Fez de cada gesto
Uma imensa declaração de amor

E as lágrimas chovem dos olhos
Como a firmeza que hoje chove dentro e fora de mim.

Porque agora eu sei.
Eu encontrei.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Amora

Da sensação da sua pele, do brilho dos seus olhos, não posso dizer muito sem cair num grande clichê.
Posso dizer, no entanto, da sua maneira de caminhar na ponta dos pés, entre cacos de vidro-sentimento, temendo se machucar.
Com muita cautela, centímetro por centímetro, você avança com delicadeza, ereta, firme. De repente você para, arregala os olhos, sua frio, fica apavorada. Por algum tempo você se torna a imagem do medo.
Mas então você descobre que tem sempre alguma coisa que te ajuda a continuar, existe sempre o contraponto que te devolve a coragem, você mesma, algum objetivo, alguém que você gosta.
Você volta pra você, você volta pra mim.
Você volta a caminhar como se tivesse roubado toda a beleza do mundo para si. Você volta a ser um céu estrelado, uma infinidade de pontos brilhantes e quentes, sobre o pano escuro da incompreensão.
Posso dizer da minha maneira de ferir premeditadamente os pés, pulando de corte em corte, dançando, desenhando novos poemas com as gotas do meu sangue espalhadas no chão.
Posso dizer da coragem e da estupidez de jamais me preservar.
Posso dizer do quanto é claro pra mim, dito, profundo, fincado, crucificado, agarrado, infiltrado esse gostar de você.
Eu descobri você e me perdi do tempo. Eu perdi a noção das horas. Descobri que o mesmo intervalo pode ser infinito ou infinitamente minúsculo e que isso está completamente condicionado às suas andanças pelo mundo, pelo seu mundo.
Minha flor de ir embora, existir longe de você é ser saudade.
E hoje roubei alguns minutos do dia atropelado pra mergulhar na saudade, na lembrança, no seu cheiro que, metafisicamente, passou a pairar sobre o meu universo.
Roubei alguns minutos do dia atropelado para trilhar o caminho que me leva ao mais fundo e seguro de mim, onde você está.
Consegui! Te inventei em palavra!