sábado, 29 de junho de 2013

Decadência

Ficam meias palavras
textos sem acabar
mais uns tantos na lata de lixo

tenho uma úlcera no peito
pronta para me atravessar
meu sentimento ganha teias
apodrece e cria bicho

tenho acordado todos os dias como num sonho ruim
tenho gostado muito pouco de mim
fim.

sábado, 8 de junho de 2013

Hoje (ou: Pessimismo)

Olho hoje para mim sem saber o porquê das escolhas que fiz
achando parca, pouca, pobre e mesquinha a minha motivação
olho hoje para mim e vejo tão menos do que quis
vejo um ser trêmulo de medo da solidão
Hoje olho para mim e vejo minha maior verdade por um triz
no espelho me olham os olhos da frustração
olho hoje para mim sem perspectiva de ser feliz
remendando os pedaços do meu coração
hoje, só hoje, finda minha força motriz
e não encontro direção
sou hoje tola imperatriz
de um pedaço infértil de sertão
vasculho minha alma, hoje, e ela nada diz
o silêncio ressoa na desilusão
hoje vejo que todo amor que plantei não criou raiz.
Petrificou o chão.














sexta-feira, 7 de junho de 2013

Pedido aos gatinhos pingados que passam por aqui...

Hoje sem poesia, venho fazer um pedido a qualquer um dos gatinhos pingados que aparecem por aqui de vez em quando... Peço que vocês vão conhecer a poesia do meu maior ídolo, e por coincidência, meu pai.
Sei muito bem que sou suspeitíssima para falar, afinal de contas, antes de tudo amo esse velho profundamente.
Mas ainda assim falo: poucas vezes li coisas tão bonitas.
(Tem inclusive um poema pra mim, olha só que chique).
Passem lá, ele anda tão empolgado com tudo isso, ele que sempre leu tanto e sempre falou tantas coisas bonitas, e sempre recitou poesias, descobriu, já velho, em si mesmo a capacidade de criar. E isso me orgulha tanto...
Façam um carinho, que ele merece: http://poesiamendiga.blogspot.com.br/

sábado, 1 de junho de 2013

Metade

Tensionamos a corda ao extremo absurdo
para ver como e quando ela arrebenta
para testar dos nós
e de nós
o limite
(meu olho no teu é convite).
O proibido, moço dos olhos penetrantes
dança e ri da nossa tentativa de fidelidade
- dilema da nossa vontade.
Enquanto isso, arregalados
nos fitam os grandes olhos da vaidade
atiçando nossa crueza
nossa maldade.
O que há de selvagem
e até mesmo grutural
no que somos
sugere todo tipo de erotismo
sedutor abismo
e caímos inevitavelmente no cinismo.

Não somos.
Não sendo, somos.
Somamos.

Somos a mais cortante traição
E a mais inegável sinceridade.
Somos mania
hipocrisia
metade.