domingo, 24 de maio de 2015

Veja, Margarida

Nunca precisei pedir.
Se você não consegue sentir
Se seu olhar vacila
Se meu cheiro já não dilata sua pupila
Se suas asas querem outros vôos
Então eu vou levantar meu nariz
Como sempre fiz
Vou juntar minhas poesias
Minhas lágrimas, meus amores
Minhas histórias
Vou juntar minhas dores
Minhas alegrias
E vou embora

Se chegou a hora
Não vou me ajoelhar
Nunca fui de implorar
Permanecer ereta, meu bem
É a melhor das minhas habilidades
Fincar meu pé no chão
Reinventar a primavera
Entrar em contato com a minha solidão e minha liberdade
Com essa chama que me move e que não tem fim
Que me consome
Me vestir de mim.

Eu quero enquanto for troca
Enquanto for eu e você
Enquanto o carinho for algo que se dá porque transborda
Enquanto o se importar for água que brota
Do nosso rio, da nossa fonte
Se já não podemos ser ponte
Se estar comigo é mais um compromisso penoso
Se esse nosso amor tão pele e osso
Não merece ser cuidado, alimentado
Então vou deixá-lo agonizar
Não vou mais lutar
Não vou mais plantar o amor e vê-lo secar.

Se todo o resto te faz tão mais feliz
Então melhor arrancar pela raiz
E deixar cicatrizar.

Eu vou fechar meu coração
Não se sinta na obrigação
Ninguém precisa me dar manutenção.