A velha de preto faz sua oração
em uma mão um terço
O menino escuta a vozinha da velha, a outra mão
embala o berço
Longo vestido preto
costurado de viuvez
Calvário de vida que jaz
arrependida do que não fez
Rugas são abismos
cicatrizes do tempo que pra sempre vai
saudade da meninice de tempos idos
do cheiro da comida do pai
A mão da velha embala o berço
e os olhos do menino são a derradeira alegoria
ela conta avarenta nas contas do terço
seus momentos de alegria
O menino sorri alheio, imerso
no seu mundo do tamanho de dois braços protetores
do muito que penso, só sei dizer em verso
amores, temores, dores, flores
Vida e morte, nesse ciclo eterno. A gente não devia temer um acontecimento tão natural.
ResponderExcluirMenina, gostei muito do visual daqui, está ótimo.
Abraços.