quinta-feira, 19 de maio de 2016

Da filha do seu melhor amigo. Para o velho contador de histórias.

Ao velho de barbas brancas que me conquistou com suas histórias
Eu desejo que essa ferida incurável sare logo
Queria ser hoje a médica que você acreditou que eu seria
Médica do impossível
Queria poder remendar seu coração
Queríamos todos, pai, mãe e irmã
Te colocar no colo e poder te ninar

Ao velho de barbas brancas com um sorriso sempre doce
Uns óculos pendurados no nariz, um barrigão
E tantas invenções de mudar o mundo
Eu desejo nos meus sonhos de menina
Que em breve você possa se contar outras histórias
Possa ser professor paciente de si mesmo
Possa encontrar mais uma das suas soluções inusitadas
E então, recuperar, com uma risada, o sentido de tudo isso
Que agora me escapa.

Velho, eu não sei porque é que a vida te fez essa injustiça
Hoje sou toda lágrimas, somos.
A morte é um rolo compressor inexorável
E cada vez que ela cruza o meu caminho
Tudo se desmancha um pouco.

Não tenho remédio algum pra te oferecer.
Por isso te ofereço o meu amor.

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