*Nota: Se tratando de terceiro colegial, revezo dias bons e ruins, esse texto é resultado de um dia ruim...
Continuo um pouco por inércia.
Não sei bem o que tem me feito perder o sono, o que me faz levantar tantas vezes durante a noite, e andar de um lado para o outro: ansiedade que não passa.
Meus pensamentos tomaram um ritmo quase incontrolável. Não, não consigo dormir, se durmo tenho sonhos estranhos, cheios de imagens estranhas, assustadoras e absolutamente desconexas.
Nunca tive tanta vontade de ser criança, de poder me esconder no abraço do meu pai, que costumava me colocar no lugar.
A vida era simples, e eu tenho sentido tanta saudade da simplicidade.
Perdida entre todas as decisões que tenho que tomar, absorvida pelo que prometi que jamais me absorveria: o dever.
O dever suga a vida. Não estou sendo radical, com isso não quero propor nenhuma revolução: certa porção de dever é inevitável. Mas em determinadas medidas, o dever não permite viver o presente, pelo contrário, ele se cumpre na constante ilusão de futuro.
O futuro tem se tornado detestável. Se todas as minhas ideologias estão em pedaços, se tudo que eu acreditei agora me dizem ser o contrário, não consigo conciliar as forças dentro de mim, já não consigo diferenciar o que é ilusão do que é meta.
É mais que isso...
De repente eu já não sei gostar de nenhuma parte de mim, já não sei não ter vergonha de qualquer parte, me deixei podar por opiniões-alheias. Permiti-me cair no erro da eterna edição de mim mesma, que jamais é suficiente para consertar tudo o que me é apontado, tudo o que vejo.
Um pouco apática e ao mesmo tempo, tudo em mim tão cheio de intensidade, o amor, a raiva, a angústia, e toda mágoa, e qualquer desatenção é suficiente pra me partir ao meio.
Tanta desatenção: descobri que sustentar a máscara de qualquer sentimento é muito fácil, qualquer sorriso amarelo é suficiente pra quem quer acreditar.
Eu não sei o que eu esperava...
Não consigo fazer sentido, tanto quanto não consigo escrever. Me pergunto: sendo assim, o que quero ser?
O essencial foi destruído.
Me pego em mais uma madrugada solitária, com a diferença fundamental de que agora já não possuo nenhuma liberdade.
Um bichinho preso, é o que sou.
Como cheguei aqui?
Cativa até o último fio de cabelo, é como me encontro. E detesto, detesto a mediocridade do que me tornei.