sábado, 28 de abril de 2012

Ana

Minha preta tão amada,
Hoje entendo muito melhor tudo o que você me disse. Hoje morrer não é meu maior medo, hoje o meu maior medo é o de viver, do que ainda pode me acontecer, de quanta gente eu ainda posso perder.
Eu sei, preta, que você estava cansada, mas eu sei também o quanto você quis viver e ser como todo mundo, e eu não aceito, pretinha, eu não aceito que tudo tenha chegado ao fim dessa forma.
Eu escuto a sua voz o tempo todo no meu ouvido, dizendo "não chora, sof", com esse jeitinho meigo com que você costumava falar essas coisas. Me perdoa, pretinha, hoje não consigo. Me perdoa pelas minhas fraquezas todas.
Mas espero, espero a minha hora chegar, eu sei que você vem ter comigo, me olhar com os seus olhos amendoados, e quem sabe num outro lugar, algum dia, a gente possa de novo comer a melhor pipoca doce do mundo e dar gargalhada dum filme de terror horrível.
Segue teu caminho, preta, seja ele qual for, que Deus te ilumine.
Fica aqui, neste mundo feio, o meu amor infinito.

2 comentários:

  1. Um abraço apertado, querida Sofia!
    Gosto muito de ti!

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  2. Outro abraço apertado, moça. De quem sabe que, em toda perda, existe um ganho. Algo que fica, como aprendizado.
    Beijo enorme!

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