Me sinto desajustada
Enquanto caminho por entre as vitrines de sorrisos decorativos.
Num jogo caleidoscópico
Em que pessoas inteiras se perdem
Nos reflexos partidos de sua própria imagem virtual
E como feitiço tornam-se máscaras
Ninguém me enxerga.
De que me valem estas presenças surdas a tudo que digo?
Presenças que também não me contam histórias
Estão ali mas não estão de fato
Porque não me tocam e não me permitem tocá-las
São impermeáveis e ocas.
Pois prefiro a solidão sozinha
Que viver a solidão no meio de rostos que mais me parecem
Invólucros plastificados
Manequins
Companhia de plástico e verniz
Condicionada a rir mecanicamente nos momentos felizes
E virar o rosto diante de qualquer tristeza.
Se constrangem em rubor de blushes artificiais
Quando sangro publicamente
Quando quebro as leis e choro...
Está proibido ser triste neste carnaval.
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